“Quero
evitar mais quatro anos de
oportunidades perdidas”
Entrevista
ao candidato do PSD à câmara de Vila do Bispo, Gilberto Viegas.
Reconquistar
a câmara de Vila do Bispo para o PSD é o objetivo do candidato
social-democrata Gilberto Viegas, que volta a candidatar-se ao cargo
depois de ter sido derrotado, há quatro anos, pelo socialista
Adelino Soares. Face àquilo que descreve como a “inexistência de
capacidade e de visão” do atual executivo, que acusa
de ter deixado a autarquia em “descontrolo financeiro”, o
ex-presidente pretende “retomar” o trabalho que entende
ter iniciado e
desenvolvido durante mais de uma década, apostando em deixar “obra
marcante” na área do desenvolvimento económico local,
de forma a fixar jovens e reduzir a taxa de desemprego registada
no concelho.
Gilberto
Viegas
Diretor
regional de Economia
Gilberto
Reis Viegas desempenha atualmente as funções de diretor regional de
Economia, cargo para o qual foi nomeado em março de 2012. Com 54
anos de idade, é natural de Budens, no concelho de Vila do Bispo.
Licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica e desempenhou as funções
de presidente da Câmara Municipal de
Vila do Bispo entre 1998 e 2009, depois de ter sido vereador da mesma
autarquia entre 1994 e 1997 e vereador a tempo inteiro na câmara de
Lagos, entre 1990 e 1993.
Região
Sul (RS) - Por que razões se decidiu candidatar à presidência da
Câmara Municipal de Vila do Bispo?
Gilberto
Viegas (GV) –
Decidi aceitar esta candidatura por constatar no atual executivo a
inexistência de capacidade e de visão para garantir o
desenvolvimento sustentado do concelho e a
falta de objetivos que a ausência de propostas que se verifica no
programa
eleitoral do candidato do PS é disso testemunha e, desta forma, por
um lado evitar mais quatro anos de oportunidades perdidas e, por
outro, travar a continuidade de uma gestão cujos propósitos são
exclusivamente servir fações e grupos de interesse e não os
interesses gerais do concelho e da comunidade.
Como
é corrente dizer-se, o atual executivo, liderado por Adelino Soares,
durante este mandato, conduziu a câmara para o descrédito
e para o endividamento descontrolado, colocando o concelho em sério
risco de perda de oportunidades. Pretendo, com a minha candidatura,
manter o caminho do desenvolvimento que veio a ser seguido até
2009, uma vez que considero que seria um desastre total
permitir a continuidade do descalabro, que atualmente se
verifica,
por mais quatro anos. Apresento, assim uma equipa séria e
experiente, já com muitas provas dadas na gestão autárquica quer
ao nível da câmara, quer ao nível das juntas de freguesia e
empenhada em trabalhar para os interesses da comunidade e do
concelho, e que através desta candidatura pretende garantir com
segurança a possibilidade da população nestas eleições de 29 de
setembro – voltar a colocar o concelho no rumo certo.
RS
- Que análise faz ao desempenho do executivo que conduziu a
autarquia nos últimos quatro anos?
GV
– Neste
mandato em que a autarquia esteve sob a gestão de Adelino
Soares, a câmara entrou num descontrolo financeiro total e
na degradação e abandono do património municipal, como são
exemplos o Lar e a Creche de Budens num investimento de 2,5 milhões
de euros abandonados e fechados durante 3 anos e que ainda hoje não
foram postos ao serviço da população e os blocos de 12
apartamentos em Vila do Bispo há quatro anos por concluir e por
disponibilizar às muitas famílias carenciadas de habitação. Estes
são dois bons exemplos da incapacidade de Adelino Soares em gerir as
necessidades e as expetativas da população, daí não
ter sido capaz de concluir a obra que recebeu e muito menos fazer
obra nova, apesar de apresentar no balanço final um endividamento
de 15 milhões de euros, sobretudo à custa de graves erros
cometidos,
como é exemplo mais flagrante a compra do Monte de Santo
António com um pagamento ilegal de 250 mil euros e o assumir de uma
dívida de 1,250 milhões de euros (250 mil contos) para o
próximo mandato e ao longo de três anos não conseguir fazer a
escritura de posse municipal do
património.
Muito
do esforço de realização e da estruturação da Câmara e do
concelho, concretizados ao longo dos 12 anos em que estive na
presidência deste órgão, foram destruídos em apenas quatro e a
credibilidade e imagem de um município que cumpria os seus
compromissos a empreiteiros e fornecedores e que pagava a 23 dias,
foram esbaratadas num ápice. A população necessita de uma câmara
municipal que acompanhe as suas vidas e os seus problemas, que se
foque na sua resolução e no bem-estar e qualidade de vida dos
cidadãos, e precisa de um presidente de câmara experiente e
conhecedor desses problemas e das respetivas soluções, em especial
nos tempos difíceis que atravessamos, onde os recursos são mínimos
e as capacidades têm de ser máximas. É nesse sentido que me
proponho retomar o trabalho que iniciei, com o compromisso de
trabalhar nas áreas da sustentabilidade económica e
financeira da Câmara, no planeamento
e desenvolvimento do território, no desenvolvimento económico local
e,fundamentalmente, no apoio social, através da criação de
gabinetes direcionados para o apoio direto ao cidadão na área do
emprego, da formação e requalificação profissional dos
desempregados, da habitação
ou na resolução de casos de carência económica.
RS
– Que ideias apresenta para dinamizar o concelho
na área do desenvolvimento económico e
turistíco?
GV
– A
missão das autarquias, no próximo e nos futuros
mandatos, mais do que fazerem obra física, em
infraestruturas básicas e equipamentos, deverão ter o papel de pivô
da economia local e do fomento do emprego no território do
município. Mais do que através do investimento público municipal e
da oferta de emprego nos quadros da autarquia, a esfera de atuação
terá que ser, e será, fundamentalmente, no sentido de interagir com
todos os atores locais, regionais
e nacionais, com cariz público e privado, criando
sinergias que levarão ao investimento e à iniciativa privada
na criação de micro e pequenas empresas de produtos e serviços, na
criação e oferta de emprego,
na formação profissional, numa missão de acompanhamento e
enquadramento das empresas e dos
jovens empresários e no apoio à modernização e sustentabilidade
das empresas existentes. A economia local e o seu desenvolvimento
serão as âncoras principais da nossa atuação na câmara municipal
e nas juntas de freguesia. É nesse sentido que apresento como
compromisso a criação do Gabinete +Economia, que terá por função
gerir o Balcão do Empreendedor e funcionará como enquadrador das
oportunidades de investimento, potencialidades e ofertas de negócio
no município.
Primordial
importância toma, também, a aposta na criação do Ninho de
Empresas, apoiado em instalações municipais,
com
o objetivo de suportar as iniciativas de jovens empreendedores que se
estabeleçam no município, quer sejam ex-bolseiros da
câmara e que, uma vez concluídos os cursos superiores, desejem
vir estabelecer-se na sua terra, quer sejam jovens que tenham
enveredado pela via
profissional.
Ao
nível do turismo pretendo fomentar a construção dos três hotéis
temáticos (geriatria, saúde, ambiente, etc.), previstos em Espaço
Rural no PDM e no PROTAL e que se traduz na criação de 300 camas
disponíveis, capazes de gerar novas oportunidades de investimento
e novos postos de trabalho.
O
retomar da organização da AGROEXPO, como fator de promoção
e animação do município e de oportunidade de negócio de micro e
pequenos produtores locais e regionais, também é outra das minhas
prioridades.
RS
- A crise continua a afetar a vida das pessoas. Que medidas de
apoio social que pretende implementar nos próximos anos?
GV
– Num
período de forte taxa de desemprego registado no Algarve, a que o
município de Vila do Bispo não é alheio, é fundamental
encetar medidas de proximidade, requalificação de profissões,
formação profissional e recurso aos apoios financeiros do estado
e da comunidade, para enquadrar os cidadãos desempregados nas várias
oportunidades de trabalho, formação ou programas ocupacionais.
Desta forma, competirá à autarquia, em conjunto com as juntas de
freguesia, e em parceria com as entidades públicas e empresas,
desenvolver um programa dirigido a todos e a cada um dos
desempregados do concelho. Surge assim, o compromisso de criação do
Gabinete + Social, que terá aqui um papel ativo no diagnóstico,
acompanhamento e resolução de todos os casos de carência
económica, habitacional,
desemprego, formação e requalificação profissional de
desempregados e a sua inclusão social ou inserção profissional
no mercado de trabalho.
RS
– Quais são as outras grandes propostas do seu programa eleitoral?
GV
– Na
área da habitação, e por forma a apoiar e fixar os residentes
e os jovens do concelho, pretendo promover a conclusão dos 12
apartamentos em Vila do Bispo e colocá-los no mercado em regime de
arrendamento.
Desenvolver
o processo em regime de CDH (Contrato de Desenvolvimento
Habitacional) nos 11 lotes de Barão de São Miguel e nos blocos da
Figueira e Vila do Bispo, garantindo novas ofertas em regime de
compra e arrendamento é outro dos meus compromissos.
Por
outro lado, e atendendo a que sem planeamento do território,
não é possível definir e estabelecer as condições de captação
e acolhimento das intervenções no território (de iniciativa
pública ou privada), facto que impossibilita a captação de novos
investimentos, geradores de emprego e sustentabilidade económica do
município, é uma das minhas prioridades, entre outras, garantir a
aprovação urgente da revisão do PDM de Vila do Bispo e do PIER
(Plano de Intervenção em Espaço Rural) da Raposeira e cuja
implementação, com a agregação das freguesias de Vila do Bispo e Raposeira,
ganha particular importância face à sua redefinição
administrativa,
territorial e populacional e que, lamentavelmente, foram colocados na
gaveta pelo atual executivo.
Sendo
Vila do Bispo o concelho do Algarve com maior comprimento de costa
marítima importa desde logo potenciar o cluster de
mar, em intervenções qualificadoras na orla marítima e sobretudo
na intervenção de requalificação e operacionalidade do Porto da
Baleeira, tanto na área da pesca como da marítimo-turística e da
náutica de recreio, intervenções estas que estão contempladas
desde 2009 no POLIS, com uma previsão de investimento de 2
milhões de euros, que importa reforçar no futuro imediato por
fundos nacionais.
Também
na área do desporto é uma das minhas prioridades construir o Centro
de Alto Rendimento de desportos radicais de mar, em Vila do Bispo,
abandonado há quatro anos por este executivo,
e recuperar a realização de competições de referência nacional,
como os campeonatos de surf e bodyboard.
Aliado
a isto tudo, teremos uma gestão responsável que procurará
reestruturar a dívida atual da câmara municipal, quer em acordos
mais adequados e favoráveis com os credores, quer na negociação
com a banca e, simultaneamente, garantir novos financiamentos
comunitários a fundo perdido, que permitam aliviar os encargos da
autarquia com custos de contexto e de funcionamento.
Com
esta meta, pretende-se garantir as condições necessárias para
que possamos reduzir o IMI para a taxa mínima legal, aliviando
desta forma os encargos das famílias do concelho.
RS
– Que imagem ou obra marcante pretende deixar no concelho ao
fim do mandato?
GV
– Desde
logo a recuperação da imagem de credibilidade e capacidade da
autarquia junto dos credores e parceiros institucionais
e, por outro lado, fazer uma obra marcante na área do
desenvolvimento
económico local, num contributo decisivo na redução da
taxa de desemprego registada no concelho e a concretização dos
desafios que colocamos a nós próprios e aos jovens, conforme já
referi, e em conjunto, assegurar a sustentabilidade económica futura
do município e a fixação desses jovens, que se deseja sejam
empreendedores, e com eles a
criação e instalação da nova geração empresarial.
( Entrevista
conduzida por Edgar
Pires )
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