quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Entrevista do Eng. Gilberto Viegas ao Jornal Região Sul

Quero evitar mais quatro anos de oportunidades perdidas” 
Entrevista ao candidato do PSD à câmara de Vila do Bispo, Gilberto Viegas.

Reconquistar a câmara de Vila do Bispo para o PSD é o objetivo do candidato social-democrata Gilberto Viegas, que volta a candidatar-se ao cargo depois de ter sido derrotado, há quatro anos, pelo socialista Adelino Soares. Face àquilo que descreve como a “inexistência de capacidade e de visão” do atual executivo, que acusa de ter deixado a autarquia em “descontrolo financeiro”, o ex-presidente pretende “retomar” o trabalho que entende ter iniciado e desenvolvido durante mais de uma década, apostando em deixar “obra marcante” na área do desenvolvimento económico local, de forma a fixar jovens e reduzir a taxa de desemprego registada no concelho.

Gilberto Viegas
Diretor regional de Economia
Gilberto Reis Viegas desempenha atualmente as funções de diretor regional de Economia, cargo para o qual foi nomeado em março de 2012. Com 54 anos de idade, é natural de Budens, no concelho de Vila do Bispo. Licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica e desempenhou as funções de presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo entre 1998 e 2009, depois de ter sido vereador da mesma autarquia entre 1994 e 1997 e vereador a tempo inteiro na câmara de Lagos, entre 1990 e 1993.

Região Sul (RS) - Por que razões se decidiu candidatar à presidência da Câmara Municipal de Vila do Bispo?
Gilberto Viegas (GV) – Decidi aceitar esta candidatura por constatar no atual executivo a inexistência de capacidade e de visão para garantir o desenvolvimento sustentado do concelho e a falta de objetivos que a ausência de propostas que se verifica no programa eleitoral do candidato do PS é disso testemunha e, desta forma, por um lado evitar mais quatro anos de oportunidades perdidas e, por outro, travar a continuidade de uma gestão cujos propósitos são exclusivamente servir fações e grupos de interesse e não os interesses gerais do concelho e da comunidade.
Como é corrente dizer-se, o atual executivo, liderado por Adelino Soares, durante este mandato, conduziu a câmara para o descrédito e para o endividamento descontrolado, colocando o concelho em sério risco de perda de oportunidades. Pretendo, com a minha candidatura, manter o caminho do desenvolvimento que veio a ser seguido até 2009, uma vez que considero que seria um desastre total permitir a continuidade do descalabro, que atualmente se
verifica, por mais quatro anos. Apresento, assim uma equipa séria e experiente, já com muitas provas dadas na gestão autárquica quer ao nível da câmara, quer ao nível das juntas de freguesia e empenhada em trabalhar para os interesses da comunidade e do concelho, e que através desta candidatura pretende garantir com segurança a possibilidade da população nestas eleições de 29 de setembro – voltar a colocar o concelho no rumo certo.


RS - Que análise faz ao desempenho do executivo que conduziu a autarquia nos últimos quatro anos?

GV – Neste mandato em que a autarquia esteve sob a gestão de Adelino Soares, a câmara entrou num descontrolo financeiro total e na degradação e abandono do património municipal, como são exemplos o Lar e a Creche de Budens num investimento de 2,5 milhões de euros abandonados e fechados durante 3 anos e que ainda hoje não foram postos ao serviço da população e os blocos de 12 apartamentos em Vila do Bispo há quatro anos por concluir e por disponibilizar às muitas famílias carenciadas de habitação. Estes são dois bons exemplos da incapacidade de Adelino Soares em gerir as necessidades e as expetativas da população, daí não ter sido capaz de concluir a obra que recebeu e muito menos fazer obra nova, apesar de apresentar no balanço final um endividamento de 15 milhões de euros, sobretudo à custa de graves erros cometidos, como é exemplo mais flagrante a compra do Monte de Santo António com um pagamento ilegal de 250 mil euros e o assumir de uma dívida de 1,250 milhões de euros (250 mil contos) para o próximo mandato e ao longo de três anos não conseguir fazer a escritura de posse municipal do património.
Muito do esforço de realização e da estruturação da Câmara e do concelho, concretizados ao longo dos 12 anos em que estive na presidência deste órgão, foram destruídos em apenas quatro e a credibilidade e imagem de um município que cumpria os seus compromissos a empreiteiros e fornecedores e que pagava a 23 dias, foram esbaratadas num ápice. A população necessita de uma câmara municipal que acompanhe as suas vidas e os seus problemas, que se foque na sua resolução e no bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos, e precisa de um presidente de câmara experiente e conhecedor desses problemas e das respetivas soluções, em especial nos tempos difíceis que atravessamos, onde os recursos são mínimos e as capacidades têm de ser máximas. É nesse sentido que me proponho retomar o trabalho que iniciei, com o compromisso de trabalhar nas áreas da sustentabilidade económica e financeira da Câmara, no planeamento e desenvolvimento do território, no desenvolvimento económico local e,fundamentalmente, no apoio social, através da criação de gabinetes direcionados para o apoio direto ao cidadão na área do emprego, da formação e requalificação profissional dos desempregados, da habitação ou na resolução de casos de carência económica.

RS – Que ideias apresenta para dinamizar o concelho na área do desenvolvimento económico e turistíco?

GV – A missão das autarquias, no próximo e nos futuros mandatos, mais do que fazerem obra física, em infraestruturas básicas e equipamentos, deverão ter o papel de pivô da economia local e do fomento do emprego no território do município. Mais do que através do investimento público municipal e da oferta de emprego nos quadros da autarquia, a esfera de atuação terá que ser, e será, fundamentalmente, no sentido de interagir com todos os atores locais, regionais e nacionais, com cariz público e privado, criando sinergias que levarão ao investimento e à iniciativa privada na criação de micro e pequenas empresas de produtos e serviços, na criação e oferta de emprego, na formação profissional, numa missão de acompanhamento e enquadramento das empresas e dos jovens empresários e no apoio à modernização e sustentabilidade das empresas existentes. A economia local e o seu desenvolvimento serão as âncoras principais da nossa atuação na câmara municipal e nas juntas de freguesia. É nesse sentido que apresento como compromisso a criação do Gabinete +Economia, que terá por função gerir o Balcão do Empreendedor e funcionará como enquadrador das oportunidades de investimento, potencialidades e ofertas de negócio no município.
Primordial importância toma, também, a aposta na criação do Ninho de Empresas, apoiado em instalações municipais,
com o objetivo de suportar as iniciativas de jovens empreendedores que se estabeleçam no município, quer sejam ex-bolseiros da câmara e que, uma vez concluídos os cursos superiores, desejem vir estabelecer-se na sua terra, quer sejam jovens que tenham enveredado pela via profissional.
Ao nível do turismo pretendo fomentar a construção dos três hotéis temáticos (geriatria, saúde, ambiente, etc.), previstos em Espaço Rural no PDM e no PROTAL e que se traduz na criação de 300 camas disponíveis, capazes de gerar novas oportunidades de investimento e novos postos de trabalho.
O retomar da organização da AGROEXPO, como fator de promoção e animação do município e de oportunidade de negócio de micro e pequenos produtores locais e regionais, também é outra das minhas prioridades.

RS - A crise continua a afetar a vida das pessoas. Que medidas de apoio social que pretende implementar nos próximos anos?

GV – Num período de forte taxa de desemprego registado no Algarve, a que o município de Vila do Bispo não é alheio, é fundamental encetar medidas de proximidade, requalificação de profissões, formação profissional e recurso aos apoios financeiros do estado e da comunidade, para enquadrar os cidadãos desempregados nas várias oportunidades de trabalho, formação ou programas ocupacionais. Desta forma, competirá à autarquia, em conjunto com as juntas de freguesia, e em parceria com as entidades públicas e empresas, desenvolver um programa dirigido a todos e a cada um dos desempregados do concelho. Surge assim, o compromisso de criação do Gabinete  + Social, que terá aqui um papel ativo no diagnóstico, acompanhamento e resolução de todos os casos de carência económica, habitacional, desemprego, formação e requalificação profissional de desempregados e a sua inclusão social ou inserção profissional no mercado de trabalho.

RS – Quais são as outras grandes propostas do seu programa eleitoral?

GV – Na área da habitação, e por forma a apoiar e fixar os residentes e os jovens do concelho, pretendo promover a conclusão dos 12 apartamentos em Vila do Bispo e colocá-los no mercado em regime de arrendamento.
Desenvolver o processo em regime de CDH (Contrato de Desenvolvimento Habitacional) nos 11 lotes de Barão de São Miguel e nos blocos da Figueira e Vila do Bispo, garantindo novas ofertas em regime de compra e arrendamento é outro dos meus compromissos.
Por outro lado, e atendendo a que sem planeamento do território, não é possível definir e estabelecer as condições de captação e acolhimento das intervenções no território (de iniciativa pública ou privada), facto que impossibilita a captação de novos investimentos, geradores de emprego e sustentabilidade económica do município, é uma das minhas prioridades, entre outras, garantir a aprovação urgente da revisão do PDM de Vila do Bispo e do PIER (Plano de Intervenção em Espaço Rural) da Raposeira e cuja implementação, com a agregação das freguesias de Vila do Bispo e Raposeira, ganha particular importância face à sua redefinição administrativa, territorial e populacional e que, lamentavelmente, foram colocados na gaveta pelo atual executivo.
Sendo Vila do Bispo o concelho do Algarve com maior comprimento de costa marítima importa desde logo potenciar o cluster de mar, em intervenções qualificadoras na orla marítima e sobretudo na intervenção de requalificação e operacionalidade do Porto da Baleeira, tanto na área da pesca como da marítimo-turística e da náutica de recreio, intervenções estas que estão contempladas desde 2009 no POLIS, com uma previsão de investimento de 2 milhões de euros, que importa reforçar no futuro imediato por fundos nacionais.
Também na área do desporto é uma das minhas prioridades construir o Centro de Alto Rendimento de desportos radicais de mar, em Vila do Bispo, abandonado há quatro anos por este executivo, e recuperar a realização de competições de referência nacional, como os campeonatos de surf e bodyboard.
Aliado a isto tudo, teremos uma gestão responsável que procurará reestruturar a dívida atual da câmara municipal, quer em acordos mais adequados e favoráveis com os credores, quer na negociação com a banca e, simultaneamente, garantir novos financiamentos comunitários a fundo perdido, que permitam aliviar os encargos da autarquia com custos de contexto e de funcionamento.
Com esta meta, pretende-se garantir as condições necessárias para que possamos reduzir o IMI para a taxa mínima legal, aliviando desta forma os encargos das famílias do concelho.

RS – Que imagem ou obra marcante pretende deixar no concelho ao fim do mandato?

GV – Desde logo a recuperação da imagem de credibilidade e capacidade da autarquia junto dos credores e parceiros institucionais e, por outro lado, fazer uma obra marcante na área do desenvolvimento económico local, num contributo decisivo na redução da taxa de desemprego registada no concelho e a concretização dos desafios que colocamos a nós próprios e aos jovens, conforme já referi, e em conjunto, assegurar a sustentabilidade económica futura do município e a fixação desses jovens, que se deseja sejam empreendedores, e com eles a criação e instalação da nova geração empresarial.
( Entrevista conduzida por Edgar Pires )

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